segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Quem é essa tal Cícera Candóia?

E essa Faca? Que faca é essa que corta a pele e chega até a alma?
Cícera Candóia é uma personagem, e é ela também que dá nome a um dos contos de Ronaldo Correia de Brito, do livro: Faca. Essa Faca, ao meu ver, é a vontade ou desejo que fica nos roçando, arranhando, cortando até a alma, é a questão do querer e do poder. Do que temos vontade de fazer e o que podemos fazer. Ou até mesmo as condições que nos são impostas, pela vida, pelo destino ou por decisão própria, pois há pessoas que não acreditam no destino e que acreditam que a vida é feita por escolhas, ou pela falta delas... o que não deixa de ser. Mas, ainda há pessoas que sabem que a vida é feita por escolhas e que estamos todos pre dipostos a seguir nossa sina, nosso destino. E que não importa que caminho tomamos  a vida é como um funil: não importa o quanto arrudiemos sempre vamos cair no mesmo lugar.
Em “Como se fosse [im]possível ficar aqui”, vemos em uma das cenas-ensaio  o conflito do querer e do poder, quero ficar, quero ir, ou posso ficar, posso ir. E como vai se desenrolar isso?
No conto de RCB, Cícera depois de muito pensar e refletir sobre a vida que tinha e a vida que ela  queria ter, decidiu partir, mas, sem peso na consciência de deixar a mãe, já decrepita  e sem juizo, sem os seus cuidados. Depois de uma conversa dura e cheia de resentimentos com sua mãe, esta lhe deu a deixa: Cícera envenena a mãe e parte para uma vida desconhecida, cheia de esperanças e de sonhos, longe de tudo aquilo que um dia lhe fez mal ou bem, afinal, quem pode julgar? Ela estava cansada da mesmice e não queria repetir a sina da mãe: isso era certo.
Acho o conto profundo e sincero, com uma linguagem simples e que nos faz pensar. Várias imagens vieram à minha mente em torno da noite em que Cícera decidira partir. Os seus rostos amarronzados pela luz do candieiro, as marcas do sofrimento e da solidão, o sentimento à flor da pele, a jovem com seus sonhos e anseios por uma vida melhor. E é o que todos nós queremos, uma vida melhor, com mais expectativas...

Alyson Jesuíno

Um comentário:

  1. é isso mesmo.
    por isso às vezes me assustava com Ciça.
    também era minha a vontade de aprtir e a necessidade de ficar.
    agora, já não sei.

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